terça-feira, 21 de julho de 2015

O reflexo da indiferença paulistana: mudanças de velocidade em marginais para salvar vidas vira o novo motivo para gozar o ódio dos “cidadãos de bem”


A celeuma por detrás das modificações dos limites de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros é mais um retrato da indiferença e o egoísmo patológico que adoece o paulistano. Além disso, toda uma sórdida campanha da mídia local contra o prefeito Fernando Haddad por ele ser simplesmente do PT. Qualquer criatura com dois neurônios operacionais entende (ou deveria entender) que quanto maior a velocidade desenvolvida num automóvel, maior a propensão técnica à acidades, principalmente numa cidade complexa e sitiada de carros por todos os lados. Mas o tal “cidadão de bem”, sempre preocupadíssimo com o próprio rabo egóico, pára um segundo para refletir sua conduta de vida?

Hoje mesmo, pela manhã, ouvindo passivamente o programa do Jose Paulo de Andrade na Rádio Bandeirante de São Paulo, cuja programação tem como especialidade absoluta falar mal dos governos do PT e enaltecer o governador tucano, Geraldo Alckmin. A pérola do dia foi dizer, em seu programa matinal, que ao reduzir a velocidade das marginais iria causar maiores congestionamentos e poderia provocar mais mortes! Ademais, para dar maior "cientificidade" à esculhambação do prefeito Haddad, o programa duvidou da capacidade intelectual dos operadores da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), e questionou a formação dos técnicos, fazendo uma ilação preconceituosa, que eles não seriam formados em São Paulo, logo, não conheceriam a realidade paulistana. Possivelmente, para os comentaristas da reacionária e bairrista Rádio Bandeirantes, somente e tão somente, existe tráfego e congestionamentos exclusivamente na cidade de São Paulo. É desnecessário dizer que se a medida fosse aplicada pela gestão de Alckmin, a rádio faria questão de ressaltar a preocupação "humanitária" do coração de titânio do governador tucano. É sempre assim, na “imparcial” cobertura Band de notícias!

Do ponto de vista da realidade prática e trágica, o Brasil é um dos campeões mundiais de mortes no trânsito. Somente em 2013, 42.266 pessoas morrem vítimas das irresponsabilidades e acidentes automobilísticos. O Poder Público, no que tange a regulação do trânsito para proteger vidas, tem que agir de forma incisiva, técnica, educativa e também punitiva. Não vamos esperar que somente o “bom senso” (este bordão tão subjetivo) opere de forma cândida, espontânea e ordeira com os paulistanos, isto não irá ocorre na selva das rodas das insanidades psicológicas traduzidas na irracionalidade das ruas.

Ademais, qual o sentido de produzir tantos carros cuja velocidade irracional é como uma arma tanto para o motorista, quanto para os pedestres? Tecnicamente, por exemplo, um acidente com uma velocidade de 60 km/h em um tráfego intenso já impossibilitaria um tempo de reação do motorista o qual fosse possível evitar uma colisão. Num país onde a indústria automobilística dita as normas da circulação viária, a vida humana e o deslocamento coletivo é relegado à ultimo plano em nome exclusivo dos lucros.


Na patologia de uma pós-modernidade artificial e voltada para o lucro egóico, a pressa da sociedade para o vazio é o reflexo de um mundo onde a indiferença é o produto maior de uma modernidade cada vez mais excludente, ignorante e, sobretudo, alheia ao sentido de coletividade e segurança em comunidade. Neste contexto, a política do ódio, vai de vento em popa, procurando sempre um pretexto para exalar as frustrações cotidianas e escolher um "inimigo" material e bem calculado para gozar as insatisfações. No rol da estrada do absurdo, a Grande Mídia faz o papel de um pequeno demônio na orelha do "cidadão de bem" e vive a assoprar os motes do momento para faz jus ao ódio represado.

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