quinta-feira, 18 de março de 2021

POPULISMO IDENTITÁRIO NA ANPOCS

 


 "Neste ano, teremos 20% de reserva de vagas para pesquisadores/as pretos/as, pardos/as, trans ou com deficiência que participem dos SPGs ou GTs como expositores/as de paper. No caso das Mesas Redondas, não serão habilitadas propostas que não contemplem ao menos uma pesquisadora como expositora. As Ciências Sociais brasileiras estão atravessadas, ainda, por desigualdades regionais que se fazem ainda mais significativas no cenário atual de desfinanciamento da educação e da pesquisa. Assim, também são observados critérios de representatividade regional na seleção de propostas. Essas Políticas visam estimular que a diversidade constitutiva da comunidade de cientistas sociais se faça presente nas mais variadas áreas temáticas que compõem a programação do Encontro e se guiam pela autodeclaração dos/as pesquisadores/as no momento da submissão de seus resumos." 

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Acima, temos um fragmento da chamada para o Encontro Anual da “Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais” (ANPOCS) para a edição de 2021. A organização deveria zelar por critérios técnicos para a pesquisa científica na área de Ciências Sociais, mas parece enveredar no desnecessário e preocupante percurso do modismo que ecoa diante de um sedutor populismo identitário, o qual começa a grassar nos meios acadêmicos e nas pesquisas científicas.

Preocupa-se quando as escolhas sobre pesquisas científicas não são pertinentes aos critérios técnicos e científicos, mas supostamente subjetivos e identitários! Qual o sentido de fazer cotas para a pesquisa científica, se os trabalhos são submetidos aos pareceristas do evento, supostamente de forma anônima, conforme são as regras de submissão?

Ao se optar pelas cotas, o efeito não é de privilegiar os diferentes, mas acentuar as desigualdades de quem está do lado que, supostamente, carece delas, precisando de privilégios para serem reconhecidos como “pesquisadores”. Nesta “inclusão excludente”, a ANPOCS, no seu afã populista identitário, parece que, ironicamente, esqueceu-se de incluir os povos originários. Se a premissa que está sendo imposta é a pauta identitária em detrimento do mérito científico, será que eles não seriam também interessantes ou haveria outros motivos mais ocultos para não incluí-los?

É importante ressaltar: uma questão é o acesso à universidade pública diante das disparidades da Educação Básica brasileira, mas outra questão bem diferente se situa no nivelamento de conhecimento e de produção científica. Logo, parece pouco plausível a distinção por meio de cotas para um suposto nível de conhecimento entre os pesquisadores. Qual o critério de escolha de trabalhos acadêmicos para congressos científicos? Qual a lógica da autodeclaração de etnia, gênero ou sexualidade para a submissão dos trabalhos científicos? Se os sujeitos atingiram a capacidade de serem pesquisadores e estão imersos em uma crise de desvalorização da Educação e da Ciência, logo, indistintamente, afeta a todos que fazem pesquisa científica.

Diante do quadro tenebroso que a Ciência vem sofrendo no Brasil pós-golpe e o massacre da política genocida de Bolsonaro, não parece que existam ilhas de privilégios nas Ciências Sociais, como permite suscitar a convocação para os trabalhos do Encontro da ANPOCS. Por sinal, no Brasil, as Ciências Sociais já ficam à margem diante do minguado fomento de financiamento de pesquisa, em comparação as demais Ciências. Afinal, qual a lógica da obsessão de adentrar no reino do irracionalismo em nome do populismo das identidades, tão patrocinado pelo neoliberalismo e seus arautos ideológicos?

O proselitismo e a demagogia são os piores meios para uma suposta "superação das desigualdades sociais", via descarte do mérito da pesquisa em um congresso científico! Lembrar que os revisionistas e negacionistas rejeitam a Ciência em nome de seus esdrúxulos dogmas subjetivos e identitários!

Na lógica do pensamento mágico identitário, basta colocar um elemento "representativo" da Santíssima Trindade Identitária, para que todo o conhecimento aflore por osmose, as injustiças sociais se evaporem como fumaça de chaminé de escolhas papais e a verdade se firme como um prego fincado na gelatina! Diante dos fatos, causam demasiada surpresa os quesitos impostos na construção do Encontro Anual da ANPOCS. Lastimável que chegamos ao ponto da demagogia populista nas organizações científicas, as quais deveriam zelar pela pesquisa científica em Ciências Sociais.

Para que servem os estudos e pesquisas arduamente trabalhados se o que vale, no final, é a subjetividade do sujeito em nome da sua suposta identidade egoica e alegóricas dimensões sociais? No meio de uma pandemia de irracionalismo, parece que a ANPOCS foi severamente contaminada. Sendo assim, é preciso ser vacinada com a Ciência para evitar o vírus do obscurantismo e do irracionalismo! Não é possível aceitar que o populismo identitário se torne a nova onda negacionista dentro da Ciência, e que é mais grave ainda, em nome de supostas subjetividades reprimidas de demandas que podem ser justas socialmente, mas que não combinam com a objetividade que a pesquisa científica necessita, para se oferecer como mecanismo de conhecimento real para a humanidade.

domingo, 7 de março de 2021

GETÚLIO VARGAS

Datada de 24 de agosto de 1954, a carta de suicídio de Getúlio Vargas (1882-1954) é considerada um dos grandes documentos políticos da história contemporânea brasileira. Controverso, mas incisivo líder revolucionário de 1930, Vargas instalou uma ditadura e flertou com o fascismo até o início da Segunda Guerra Mundial. Apesar da empreitada autoritária, foi astuto e camaleônico e, quando se sentiu isolado politicamente, abraçou o populismo e acabou nos "braços do povo". Vargas, foi um conciliador de classes com olhar progressista e, certamente, foi o político mais importante do país no século XX. Considerado o "pai dos pobres", com uma série de leis que beneficiou a regulação do trabalho assalariado, contudo, Vargas impulsionou a dinâmica capitalista nacional e contribuiu para fomentar a riqueza da burguesia nacional. O político da terra de São Borja (RS) foi fundamental na transição do Brasil recém-republicano imerso em políticas provinciais para uma estrutura centralizada de poder de Estado.



NÃO BASTA FINGIR RESPONSABILIDADE, É PRECISO TER RESPONSABILIDADE


Há momentos que exigir um responsável bom senso jornalístico é pedir água no deserto. Em geral, a BBC Brasil que, ao contrário de muitos veículos de imprensa que fizeram o país ir para a cova do golpismo, faz uma boa cobertura sobre a pandemia. Porém, nesta confusa reportagem em destaque, o veículo de imprensa de matriz inglesa, deixa margem para os negacionistas genocidas atuarem com suas narrativas psicotizadas da morte.

Diante da gravidade monstruosa da segunda onda de COVID-19 patrocinada pelo desgoverno assassino de Jair Bolsonaro, ao questionar entre "imunização natural" (infecção via contágio) e "imunização artificial" (estímulo de anticorpos via vacinação), permite uma leitura que pode induzir a população ao entendimento de que, se deixar contaminar para uma "auto-imunização", é mais rápido do que gastar bilhões em vacinas! Observemos o perigo desta possível e deletéria conclusão de botequim!

A chamada "imunização de rebanho" por contágio é puro genocídio e expõe toda a população a dilacerantes sofrimentos e mortes desnecessárias, ao sabor da voracidade do vírus. Só uma vacinação eficaz e massiva será capaz de salvar vidas e minimizar sofrimentos.

Neste sentido, uma reportagem mal redigida ou desorientada é, para o leitor, tão nociva quanto o maremoto de "fake news" que circulam nas redes sociais, perversamente, de modo a confundir e imbecilizar amplos segmentos da população.

A informação correta e amparada em bases científicas é fundamental numa guerra genocida diante de vírus mortífero, onde a canalhice sistêmica de uma burguesia monstruosa e assassina levou, impiedosamente, o país ao nível mais abissal do precipício social.

Não basta fingir uma suposta "ética jornalística", é preciso atuar de forma fidedigna aos princípios da veracidade dos fatos, sem induzir o leitor a equívocos ou interpretações dúbias, referentes às informações fornecidas.

TAGARELAS DA LACRAÇÃO: QUEM AGÜENTA TANTO INÚTIL FALATÓRIO NARCISISTA?

A mediocridade, arrogância e a fanfarronice são as marcas do excremento cultural que vegeta os últimos anos no Brasil. A literatura brasil...