terça-feira, 20 de maio de 2014

A perda de horizonte.




Alguns escritos de Vladimir Safatle me agradam. Qual deles? O Safatle-acadêmico, professor universitário da USP com bom uso da Psicanálise e Sociedade. O que tenho visto ultimamente é um Safatle-politiqueiro, justificando o injustificável e utilizando a filosofia como justificativa egocêntrica para sua própria candidatura ao irreal governo de São Paulo.

Logo, de cara, Safatle que não tem experiência nenhuma em gestão pública quer se governador. Claro que todo desejo é fruto de sua estrutura, faz parte do condicionante do comportamento do indivíduo. O desejo é o que nos mantém estruturalmente vivos e dinâmicos. Todavia, a minha pergunta é que tipo de contribuição realista Safatle quer dar a sociedade, a política e o próprio partido ao desejar atear fogo no circo e depois cair fora disparando para todos os lados?

Os intelectuais devem contribuir, sim, para a sociedade, faz parte da construção do magma fundador entre a retórica acadêmica e a realidade da práxis cotidiana. Sair da zona de conforte e debruçar-se sobre o que não é tangível. Creio que insistir em candidaturas que não irão levar a nada, não contribuem para nada no quadro político, não agrega nenhum valor, não une as esquerdas, pelo contrário, aparecem mais cisões, comezinhos e ódios tolos.

No caso do PSOL, a peleja entre Gilberto Maringoni (professor da UFABC que passou a perna no filósofo e ganhou a disputa dos egos) e Safatle para ser o cabeça-chave da disputa do governo de São Paulo soa débil, até mesmo desgraçadamente engraçada. Como dois intelectuais destes se prestam a fazer um ridículo e papel de disputas infantis buscando chamar atenção da criançadada pseudo-intelectualizada do partido (a tal baboseira da "juventude do partido" com seus marmajões com camisetas "fashion" de Che Guevara). E fica só nisto! O discurso do palanquismo para cada um agraciar com obviedades seu público-mirim, palminhas e sorrisos de pueris alegrias no meio do fosso político.

A esquerda brasileira, que já teve um papel muito maior e mais condizente com sua importância histórica, com figuras dignas e comprometidas com um ideal mais edificante, merece mais respeito e melhores estratégias para um mundo cada vez mais chafurdado em verdades cretinas e mentiras acomodadas.

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