sexta-feira, 8 de novembro de 2024

TRUMP NÃO FOI UM (NOVO) ACIDENTE DA HISTÓRIA. FOI UMA ESCOLHA!

 


Quase todas as tentativas de explicação que surgem do campo de uma Esquerda, magnetizada pelo identitarismo, é de uma infantilidade atroz, quando se debruça sobre o fenômeno Donald Trump e do crescimento e popularização da Extrema Direita.

O maior equívoco é querer entender ou enquadrar o fenômeno Donald Trump ou, no caso de Pindorama, Jair Bolsonaro, como tragédias pontuais ou "acidentes históricos". Essas figuras nefastas representam muito mais elementos de continuidade e aprofundamento da agenda neoliberal do que pontos erráticos de inflexões ou ruptura no curso da mobilidade do capital.

Sem uma preocupação analítica, minimamente metodológica, essa Esquerda pós-moderna, anti-marxista, anti-intelectual e neoliberal trata este tema como fosse um mero problema de "moralidade binária raciológica": empoderadas "minorias" boas contra os racistas homens brancos maus.

Em uma guinda histórica, a Esquerda abandonou os trabalhadores e a luta de classes. Por sua vez, permitiu que a classe trabalhadora e os precarizados, órfãos políticos em tempos de devastação neoliberal, caírem nos braços da Extrema Direita.

Um fator que merece um grande destaque e motivo de ampla preocupação: a Extrema Direita se popularizou e consegue, atualmente ganhar as ruas em movimentos organizados. Do outro lado, esta mesma Esquerda que só pensa em guetos narcísicos, está recheada de inócuos artifícios: acusar de "racista" qualquer um que conteste sua teologia "antirracista"; uso da autoritária "cultura do cancelamento"; querer impor uma "língua neutra"; pregar o cotismo e o empreendedorismo como demagógicas "alternativas" ao desemprego estrutural e romancear supostas "minorias" sem nenhuma relevância populacional e dinâmica social. Todavia, nada que não seja dicotômico serve para esta Esquerda!

 


As urnas estadunidenses deram um sonoro repúdio contra a ideologia "woke", encarnada na candidatura de Kamala Harris. Aparentemente, na eleição estadunidense, mostrou-se um esgotamento das pautas identitárias conduzidas pelo Partido Democrata de Joe Biden e Kamala Harris. Sendo assim, fomentar a "guerra cultural" se tornou a obsessão narcísica da "nova" Esquerda, sitiada pelas neuroses de uma classe média descolada e pseudo-progressista.

A crise estrutural do capital gerou desemprego estrutural, desesperança e medo do futuro. O medo, a incerteza e a insegurança são as dores latentes que os trabalhadores convivem diariamente. Os trabalhadores assalariados não se sentem seguros e, o trator neoliberal está solapando todos os direitos (ainda sobreviventes!) dos trabalhadores. Contudo, nos Estados Unidos, Trump soube transformar todo este lamaçal existencial em votos!

No Brasil, a Esquerda perdeu o foco do sentido de sua existência. Quando oportunistas medíocres e irrelevantes como, por exemplo, Krenak, Evaristo Lacração, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro e Itamar Vieira, entre outros, são alçados na condução de "porta-vozes" da Esquerda, é um sintoma que ela atingiu o colapso ideológico e sucumbiu ao irracionalismo político.

Trump nos Estados Unidos e Bolsonaro no Brasil não foram meros "acidentes históricos", mas monstros excretados pela cloaca das condições históricas de um capitalismo cada vez mais selvagem e avassalador.

Os conceitos de Esquerda e Direita, hoje, na prática, só servem como referência de sinais de trânsito. O campo econômico se traduz na hegemonia da agenda neoliberal e, sob tal premissa, tanto a Esquerda quanto a Direta se convertem em fiéis súditos. Ambas operam em prol da financeirização do capital e do lucro estratosférico dos rentistas. 

Tanto Trump ou Biden/Kamala, quando Bolsonaro ou Lula, jamais foram "contra o sistema". Pelo contrário, foram hábeis gerentes do capitalismo predatório a tal ponto que tanto Bolsonaro quando Lula são, amplamente, favoráveis que o Estado se mantenha com a independência do Banco Central. Cumpriu-se, portanto, a premissa de Hayek e Mises, dois grandes vultos neoclássicos do ultraliberalismo que recomendavam separar a Economia capitalista das decisões "intempestivas" da Políticas.

A agenda dos costumes se tornou o novo cabresto da Esquerda que é incapaz de sair da sedutora e traiçoeira armadilha das identidades. Kamala e Trump são faces da mesma moeda. Bolsonaro e Lula também. A retórica do falso dilema entre bons mocinhos e maus vilões apenas serve de entretenimento para uma plateia de ignorantes, desalentados, desesperados e famintos.

Sem romper com a lógica neoliberal, os Trump, Kamala, Bolsonaro e Lula da vida seguiram intactos ocupando os espaços de poder, gerenciando a exploração dos trabalhadores e destruindo a sociabilidade humana civilizatória.

(Wellington Fontes Menezes)

TRUMP NÃO FOI UM (NOVO) ACIDENTE DA HISTÓRIA. FOI UMA ESCOLHA!

  Quase todas as tentativas de explicação que surgem do campo de uma Esquerda, magnetizada pelo identitarismo, é de uma infantilidade atroz,...